sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ano Novo em Movimento


Essa roda viva que é a nossa vida não para de rodar um
segundo! Por isso, movimente-se! Ouse, busque, realize,
faça, refaça e aprenda...
Meu desejo é um Mundo Novo, ritmo, som, luta, vibração.
Novas forças, alimentadas também por sonhos e forças
antigas, energia e pulsação.
Invente-se! Reinvente-se! Preserve o que é bom e lhe faz bem!
Viva à família, aos velhos amores, aos velhos amigos!
E viva aos novos, aos que você ainda nem conheceu...
Meu desejo é um Ano Novo que se renove a cada segundo,
cheio de movimentos que nos levem sempre rumo ao
caminho do bem!


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Te recuerdo

Esta é uma música que retrata o drama de um amor interrompido por obra da ditadura, no caso Chilena. Muitos amores se findaram abruptamente, muitas vidas foram ceifadas, muitas canções foram cantadas, porém, nem todas puderam ser ouvidas.

Vitor Jara, o autor dessa canção, foi preso, torturado e morto pela ditadura de Pinochet. Dizem que depois de esmagarem suas mãos com marretadas de coronhadas de revólveres e fuzis, deram um violão a ele e provocaram: "agora queremos ver você cantar". Segundo contam, ele teria pego o violão e começado a tocar e cantar e foi fuzilado no mesmo instante. Seu corpo foi encontrado em um matagal numa favela em Santiago.


TE RECUERDO AMANDA - Vitor Jara
  
Te recuerdo Amanda
la calle mojada
corriendo a la fábrica
donde trabajaba Manuel.
La sonrisa ancha
la lluvia en el pelo
no importaba nada
ibas a encontrarte con él
con él, con él, con él
son cinco minutos
la vida es eterna
en cinco minutos
suena la sirena
de vuelta al trabajo
y tú caminando
lo iluminas todo
los cinco minutos
te hacen florecer.

Te recuerdo Amanda
la calle mojada
corriendo a la fábrica
donde trabajaba Manuel.
La sonrisa ancha
la lluvia en el pelo
no importaba nada
ibas a encontrarte con él
con él, con él, con él
que partió a la sierra
que nunca hizo daño
que partió a la sierra
y en cinco minutos
quedó destrozado
suena la sirena
de vuelta al trabajo
muchos no volvieron
tampoco Manuel.

Te recuerdo Amanda
la calle mojada
corriendo a la fábrica
donde trabajaba Manuel.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul começa nesta terça no CineSesc


 
De 27 de novembro a 02 de dezembro, o CineSesc vai exibir em Palmas a 7ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul. Os mais de 30 filmes, que estão sendo apresentados em todo o país, podem ser conferidos em sessões gratuitas. A estreia será com quatro curtas-metragens na próxima terça-feira (27), às 19h30.
 
“O Cadeado”, de Leon Sampaio, “A Galinha que Burlou o Sistema”, de Quico Meirelles, “Menino de Circo”, de Marcelo Matos, e “A Fábrica”, de Aly Muritiba são os curtas brasileiros a serem exibidos na abertura da Mostra na capital tocantinenses e foram produzidos entre 2011 e 2012.  
 
O cineasta brasileiro Eduardo Coutinho é o homenageado da Mostra este ano. Diretor de “Peões”, “Cabra Marcado Para Morrer” e “Edifício Master”, Coutinho trabalha com muita sensibilidade o cotidiano do povo brasileiro, levando à reflexão. O objetivo principal da Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul é estabelecer um diálogo franco e direto sobre os direitos fundamentais das pessoas. 
 
“A Mostra vai possibilitar ao público palmense não apenas o engajamento com as questões dos direitos humanos, como também uma maior aproximação com as produções cinematográficas de qualidade na atualidade. Dessa forma, o Sesc reafirma seu papel em oportunizar qualidade de vida às pessoas, contribuindo para a educação e para o desenvolvimento cultural da comunidade”, afirmou o promotor de cinema do Sesc, Wertem Nunes.
 
A Mostra é uma realização do Ministério da Cultura, Secretaria de Direitos Humanos e Cinemateca Brasileira, com patrocínio da Petrobras e apoio do Ministério das Relações Exteriores, TV Brasil, Sociedade Amigos da Cinemateca e Sesc.
 
Para conferir a lista de filmes e outras informações sobre a Mostra, acessewww.cinedireitoshumanos.org.br . A abertura, em Palmas, será na próxima terça-feira, 27, às 19h30, no CineSesc.
 
Serviço
Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul
Data: 27/11
Local: CineSesc
Horário: 19h30
Entrada: Gratuita
 
 
(Ana Caroline Ribeiro – Assessora de Imprensa Sesc Tocantins)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Anjos do Sol é o filme deste domingo, 25, no Cine Sem Tela


Por Rose Dayanne
Cine Sem Tela


Neste domingo, 25, Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, o Cine Sem Tela e a Casa 8 de Março – Organização Feminista exibem o filme do cineasta brasileiro Rudi Lagemman, “Anjos do Sol”, um longa metragem que retrata exploração sexual de crianças no Brasil. A exibição começa às 20 horas,no Quiosque do Gaúcho, no centro da Praça da Quadra 110 sul.

Após a exibição do filme será realizado um debate com a presença da presidenta Casa 8 de Março, Bernadete Aparecida, de representantes de Grupo Feminista Dina Guerrilheira, além de mulheres do Movimento de Atingidos Por Barragens – MAB e Movimento dos Sem Terra – MST.

Anjos do Sol (2006) é uma produção nacional que expõe nas telas do cinema o mercado de exploração sexual que atinge cerca de 100 mil crianças e adolescentes no Brasil. O filme de Rudi Lagemman conta a história de Maria (Fernanda Carvalho), uma menina de 12 anos, que mora no interior do nordeste brasileiro. A jovem é vendida por sua família no verão de 2002. Após ser comprada em um leilão de meninas virgens, Maria é enviada a uma casa de prostituição, localizado perto de um garimpo, na floresta amazônica. Após meses sofrendo abusos, ela consegue fugir e passa a cruzar o Brasil através de viagens de caminhão. Mas ao chegar no Rio de Janeiro a prostituição volta a cruzar seu caminho (Site Interfilmes).

Anjos do Sol levou o prêmio de “Melhor Filme”, pelo júri popular, no Festival Internacional de Miami, em 2006. No seu elenco temos atores como Antonio Calloni, Chico Diaz, Darlene Glória, Otávio Augusto, Vera Holtz, Fernanda Carvalho, Bianca Comparato, Caco Monteiro e Mary Sheila

Próximas exibições

Dia 02 de dezembro, será exibida a animação UP – Altas Aventuras. 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Casa 8 de Março realiza V monitoramento de violência contra a mulher


Por Flávia Quirino

A Casa 8 de Março – Organização Feminista do Tocantins inicia nesta sexta-feira, 23, suas atividades em alusão ao Dia Internacional da Não Violência Contra as Mulheres, com a realização do V Monitoramento da Violência Contra a Mulher.
O evento é uma das atividades do Fórum da Articulação de Mulheres do Tocantins e acontece no auditório do Anexo I da Secretaria Estadual de Saúde com o objetivo de fazer um levantamento da situação de violência contra as mulheres e elaborar um documento junto com órgãos, entidades e movimentos sociais.
Uma das tarefas do Monitoramento é diagnosticar os seis anos de implantação da Lei Maria da Penha no Estado. "Vamos elaborar um documento que sirva de instrumento para o advocacy (advocacy é um conjunto de ações, junto ao governo e à sociedade como um todo, que visam influenciar a formulação e execução de políticas públicas) do Fórum nos próximos dois anos", disse a presidenta da Casa 8 de Março, Bernadete Aparecida Ferreira.
De acordo com Bernadete Ferreira, a Lei Maria da Penha, implantada em 2006, permitiu avanços no combate à violência contra a mulher, mas ainda existem muitos desafios, no entanto "esta é uma das coisas que queremos confirmar com o V Monitoramento, queremos saber a real situação da implementação dessa Lei após seis anos que ela foi criada. Queremos saber também as principais dificuldades e ameaças no exercício da Lei e os avanços e retrocessos na implementação de ações e programas nessa área".
O evento finaliza com uma caminhada até o Ministério Público Estadual onde será realizada uma pequena vigília em memória das mulheres assassinadas ou feridas em razão de violência.
O V Monitoramento também contará com a participação da doutora Lindinalva Rodrigues Costa, do Ministério Público de Mato Grosso. Também foram convidados órgãos estaduais, municipais que atuam no combate à violência contra a mulher e demais organizações não-governamentais. O evento é aberto à toda sociedade.
Realizador do Monitoramentos nos anos anteriores, o Fórum AMT foi criado em 1999, compõe a AMB – Articulação de Mulheres Brasileiras, e tem como principal função articular, mobilizar e unificar as principais lutas dos movimentos de mulheres do Estado.
Semana de Combate à Violência
A Casa 8 de Março também participa da programação realizada pelo CDHP – centro de Direitos Humanos de Palmas, por meio do Grupo Feminista Dina Guerrilheira. No sábado, 24, às 9 horas, a presidente da Casa, Bernadete Aparecida, participa de um debate com o tema: "Enfrentamento à violência: doméstica e familiar, sexual, institucional e aspectos culturais na violência de gênero".
No domingo, 25, ministra oficina sobre Promotoras Legais Populares. As atividades serão realizadas na Escola de Tempo Integral Eurídice Vieira de Melo, no Aureny III, em Palmas.

Cinema
Ainda no domingo, 25, às 20 horas, a Casa 8 de Março participa de debate do filme Anjos do Sol, que compõe a programação do Cine Sem Tela, no quiosque da Quadra 106 Sul.

Programação
23/11 – Sexta-feira
9h - Abertura e mística.
9h15min - Apresentação do Fórum AMT e os monitoramentos anteriores
9h45h - I Roda de Monitoramento: O que os Órgãos públicos, Ministério Público estão fazendo no enfrentamento à violência contra as mulheres nos últimos dois anos, o que melhorou, o que piorou, com o que podem contar, o que fazer para melhorar?
10h15min – Intervalo
10h30 - Continuidade do Monitoramento com os Órgãos Públicos
11h30min - Sistematização da manhã.
12h - 13h30min – Almoço
13h30min - Apresentação do DVD da Casa sobre direitos sexuais e reprodutivos
13h45min - Roda livre sobre a opinião e dados empíricos de mulheres da comunidade que sofreram alguma forma de violência contra as mulheres...o que foi feito? Qual foi o resultado? O que pode ser melhorado? Como fazer?
15h - Palestra Dra. Lindinalva Costa – Ministério Público do Mato Grosso
15h30 - Dados e opinião dos movimentos e Entidades presentes: Como tem sido a problemática da violência contras as mulheres na sua região? O que tem sido feito? Como podemos melhorar a nossa atuação nesse enfrentamento como Fórum de Mulheres, como articulações dos nossos próprios movimentos, como Grupo feminista, como Entidade ou movimento individual?
16h30 - Encerramento e caminhada até o MPE com vigília.
25/11 – Domingo
20h - Cineclube sem tela - exibição do filme: Anjos do SOL - Debate.

Foto: arquivo/Monitoramento 2010

Sou afrodescendente, sou descendente de Zumbi


Temos hoje, dia 20 de Novembro, uma data importante para refletirmos e ainda mais levar essa reflexão para nossas ações cotidianas! Hoje é Dia da Consciência Negra! Mas todos os dias devemos ser conscientes que todos somos seres humanos, independente de cor, raça, religião, opção sexual! Minha palavra é respeito acima de tudo.

O que temos para comemorar? O que temos para refletir sobre essa data?! Qual é o tamanho do nosso preconceito!? Infelizmente ele ainda existe, a juventude negra está morrendo! Nasci branca, mas meu sangue é negro, é índio, e de todas as cores desse país. Sou afrodescendente, dou descendente de Zumbi! 

20 de Novembro
O Dia da Consciência Negra foi estabelecido pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.

LINHAGEM (Carlos Assumpção)

Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Me envia mensagens do orum
Meus dentes brilham na noite escura
Afiados como o agadá de Ogum
Eu sou descendente de Zumbi
Sou bravo valente sou nobre
Os gritos aflitos do negro
Os gritos aflitos do pobre
Os gritos aflitos de todos
Os povos sofridos do mundo
No meu peito desabrocham
Em força em revolta
Me empurram pra luta me comovem
Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Eu trago quilombos e vozes bravias dentro de mim
Eu trago os duros punhos cerrados
Cerrados como rochas
Floridos como jardins

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CDHP promove Semana de Combate à Violência contra a Mulher


Por Rose Dayanne

Fortalecer a formação das (os) defensoras (es) de Direitos Humanos e membros de entidades relacionadas nos municípios do estado, sobre o tema “violência contra a mulher”, principalmente em relação à violência doméstica, sexual e institucional. Este é um dos objetivos da Semana de Combate à Violência Contra a Mulher, organizada pelo Centro de Direitos Humanos de Palmas – CDHP, por meio de seu coletivo de mulheres, o Grupo Feminista Dina Guerrilheira.

O evento acontece de 23 a 25 de novembro (Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher), na Escola de Tempo Integral Eurídice Ferreira de Melo, no setor Aureny III, em Palmas. A expectativa é que aproximadamente 200 mulheres, vindas de várias cidades do Tocantins e também de Palmas, participem das atividades.

A abertura será no dia 23, às 19 horas, com a palestra sobre “Lei Maria da Penha e defesa dos Direitos Humanos", com a presença da doutora Lindinalva Rodrigues Costa, do Ministério Público de Mato Grosso e também de representantes do CDHP e do Fórum de Articulação de Mulheres do Tocantins. Já no dia 24, serão realizadas duas mesas redondas, com os temas: "Enfrentamento à violência: doméstica e familiar, sexual, institucional e aspectos culturais na violência de gênero" e "Violência contra as mulheres tocantinenses", essa última com a presença de grupos específicos de mulheres, como negras, quilombolas, jovens, idosas e camponesas. No dia 25, serão realizadas oficinas e ainda a Elaboração da Carta das Mulheres pelo Fim da Violência, com recomendações ao poder público com providências a ser tomadas no combate da violência contra a mulher.

De acordo com a organização do evento, além de fortalecer a formação, a Semana tem o objetivo também de divulgar os dados mais recentes acerca da violência contra a mulher no Brasil e no estado do Tocantins. “O Tocantins é o 12º no ranking de homicídios contra mulheres, e o 2º da Região Norte, de acordo com o Mapa da Violência 2012. Na cidade de Palmas, por exemplo, o crime que mais ocorre, segundo dados do comando da Polícia Militar, não se trata de furtos, assaltos, etc., e sim de violência doméstica. Não estamos falando denúncias, mas de fatos”, ressaltou Patrícia Barba Malves, integrante do Grupo Feminista.

Segundo Patrícia Barba Malves, a escolha do local para a realização do evento se deve ao fato de que a Região das Aurenys é a região onde o crime de violência doméstica contra a mulher é mais freqüente, segundo dados da Polícia Militar.

A semana foi pensada na última assembléia do Movimento Estadual de Direitos Humanos – MEDH, realizada em março deste ano, tendo em vista os altos índices de violência contra meninas e mulheres no Tocantins. São parceiros da atividade o Ministério Público Estadual e a Casa Oito de Março - Organização Feminista do Tocantins. Serão entregues certificados de participação.

Programação

23/11/2012
19 :00h - Abertura do evento e Palestra inicial: "Lei Maria da Penha e defesa dos Direitos Humanos"
Dra. Lindinalva Rodrigues D. Costa – MPE/MT

24/11/2012
9:00 às 12:00h - Mesa Redonda: "Enfrentamento à violência: doméstica e familiar, sexual, institucional e aspectos culturais na violência de gênero."
Dr. José Kasuo Otsuka – MPE/TO
Profa. Bruna Irineu – UFT
Bernadete Ferreira   - Casa 8 de Março
Juliano Correa – MPE/TO
14:00 às 18:00 -  "Violência contra as mulheres tocantinenses" (mesa com participação de mulheres negras, quilombolas, indígenas, jovens, idosas, prostitutas, camponesa, lésbicas entre outros grupos específicos.)
20:30h - Noite Cultural com Malu Lopes e apresentações diversas

25/11/2012
08:30 às 10:00h - Oficinas (Grupo Feminista Dina Guerrilheira e Casa 8 de Março):
 “Mulheres construindo um canteiro Medicinal"
"Poesia e libertação"
"Medidas Protetivas"
“Mulheres e Autonomia financeira: artesanato com recicláveis”
“Mandala das promotoras legais populares”
10:00h - Elaboração da Carta das Mulheres pelo fim da violência
11:30h -  Consolidação e leitura da carta, e encerramento.



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Carta de Rio Branco - Dos Jornalistas reunidos no 35º Congresso Nacionaol


Carta de Rio Branco    
 
Os jornalistas brasileiros, reunidos em seu 35º Congresso Nacional, realizado em Rio Branco (Acre), no período de 7 a 10 de novembro, dirigem-se à Nação Brasileira para expressar suas preocupações relativas ao modelo de crescimento econômico adotado na maioria dos países do mundo, no qual o ser humano, o respeito aos demais seres vivos e a utilização responsável dos recursos naturais do planeta não são a prioridade.

A categoria entende que a mais recente crise do capitalismo reforça a necessidade de a humanidade buscar novos caminhos para o efetivo desenvolvimento dos diversos povos que habitam o planeta, reunidos ou não em nações. A forma predatória de exploração do ser humano e dos recursos naturais do planeta precisa dar lugar ao desenvolvimento com sustentabilidade.

Este é um salto para o qual o Jornalismo e os jornalistas profissionais têm importante contribuição a dar. O Jornalismo Ambiental deve ser difundido até que cheguemos à condição ideal de que todo o Jornalismo seja ambiental. E, para além do jornalismo especializado, o olhar sobre as questões socioambientais – pilares da sustentabilidade – tem de estar presente, transversalmente em toda a cobertura jornalística.

O Jornalismo, como forma de conhecimento imediato da realidade, deve proporcionar aos cidadãos(ãs) brasileiros(as), as informações necessárias para a formação do juízo crítico em relação ao que é comumente apresentado como avanço para a Nação. Desenvolvimento medido pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, não revela os custos socioambientais que quase invariavelmente são gerados.

Para cumprir seu papel social, os jornalistas precisam contar com um ambiente de real liberdade de expressão e de democracia nas comunicações. Assim como os autonomistas acreanos lutaram, no passado, para conquistar seus direitos políticos, transformando o Acre em Estado, os jornalistas lutam pela conquista de autonomia intelectual sobre seu trabalho. Esta autonomia é condição para que o Jornalismo seja meio para a liberdade de expressão dos diversos segmentos da sociedade, em especial da classe trabalhadora.

A categoria, que é protagonista no debate sobre a democratização dos meios de comunicação, reitera a urgência da aprovação de um novo marco regulatório para a área das comunicações, sob a princípio do controle público dos meios, entendido como um conjunto de mecanismos e espaços públicos que atuem no sentido de impedir o predomínio de interesses privados em detrimento do interesse geral da sociedade. Para isso, conclama a presidenta Dilma Rousseff a levar adiante as propostas aprovadas na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em 2009.

Entre estas propostas, os jornalistas destacam a criação do Conselho Nacional de Comunicação, a aprovação de uma nova Lei de Imprensa para o país e a necessidade de aperfeiçoar a regulamentação da profissão de jornalistas, tendo como base a criação do Conselho Federal e Conselhos Regionais de Jornalistas (CFJ) e, ainda, a retomada da exigência da formação de nível superior em Jornalismo para o exercício da profissão, com a aprovação na Câmara dos Deputados da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), já aprovada no Senado.

Neste sentido, os jornalistas repudiam todas as tentativas de classificar como autoritárias as propostas de regulamentação da profissão de jornalista e do setor das comunicações, manipulação promovida pela mídia conservadora que, frequentemente, também atua contra os governos progressistas da América Latina.

Os jornalistas brasileiros também precisam de condições dignas de trabalho. Por isso reivindicam a aprovação da lei federal que cria o Piso Nacional da Categoria e o respeito à jornada de trabalho de 5 horas diárias e às demais normas estabelecidas na CLT, para por fim à crescente precarização das relações de trabalho.

A categoria reivindica a implementação de um protocolo nacional, a ser celebrado com os empregadores, contemplando o Piso Nacional, o respeito aos direitos de autor dos jornalistas e medidas para garantir a segurança dos trabalhadores no exercício da profissão.

Os jornalistas somam-se ao esforço de resgate da dívida histórica para com aqueles que foram vítimas de violências praticadas pelo Estado Brasileiro quando sob domínio da ditadura militar e o fazem por meio da criação da Comissão Memória, Verdade e Justiça da FENAJ.

Por fim, os jornalistas brasileiros reafirmam seu compromisso com promoção da igualdade de gênero e etnicorracial, entendendo que os grupos sociais historicamente discriminados têm o direito de desfrutar do binômio justiça e desenvolvimento. Reafirmam também o compromisso com a observância de seu Código de Ética, com a defesa das liberdades de expressão e de imprensa e do direito do cidadão (ã) à comunicação, ressaltando o papel fundamental do Jornalismo na consolidação da democracia e da cidadania.

Rio Branco, 10 de novembro de 2012.

Plenária Final do 35º Congresso Nacional dos Jornalistas

Seminário Regional sobre agrotóxicos acontece em Augustinópolis, dia 22

Organizações não-governamentais do Bico do Papagaio realizam no dia 22 de novembro, na sede da ACOMJUC - Associação da Comunidade  dos Jovens Unicos a Cristo, em Augustinópolis, o I Seminário Regional sobre os Impactos dos Agrotóxicos na Saúde e Ambiente.
O evento tem como objetivo sensibilizar a população sobre os prejuízos causados pelo uso excessivo dos agrotóxicos à saúde humana e ao meio ambiente, e ainda alertar sobre a importância do consumo consciente e alternativas de produção com base agroecológica.
A programação inicia às 8 horas com uma mesa de abertura, seguida pela palestra “Modelo agrícola em disputa: agronegócio e agroecologia”, ministrada por Alan Tygel, representante da Coordenação Nacional da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida. Às 10 horas, o professor Wanderlei Pignati da Universidade Federal do Mato Grosso faz palestras com o tema “Os impactos dos agrotóxicos na saúde e no ambiente".
Já no período da tarde, serão realizadas duas mesas de debate com os temas Diagnóstico da situação do uso de agrotóxicos no Tocantins” e “Ações desenvolvidas pelo Poder Público estadual e sociedade civil sobre os agrotóxicos” com a participação de representantes do Comitê Estadual, Nacional, Governo do Estado e organizações não-governamentais.
Ainda durante o Seminário será lançada a campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida com a criação do Comitê Regional da campanha. De acordo com a organização do evento, a expectativa é que cerca de 100 pessoas de diversos municípios da região participem do Seminário, entre estes agricultores familiares, quebradeiras de coco, pescadores, representantes do poder público e organizações não-governamentais.
O Seminário é organizado pela Alternativas para a Pequena agricultura do Tocantins (APA-TO), Fetaet – Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais na Agricultura do Tocantins, AMB – Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais de Buriti , Miqcb – Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, ASMUBIP- Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio, COOAF-Bico – Cooperativa de Produção e Comercialização dos Agricultores Familiares Agroextrativistas e Pescadores Artesanais de Esperantina Ltda, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Diocese de Tocantinópolis Pastorais Sociais, em parceria com Prefeitura de Augustinópolis e apoio da Cese – Coordenadoria Ecumênica de Serviços, Cáritas Brasileira e Misereor (organização internacional)

Campanha

O Comitê Estadual da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida foi criado em dezembro de 2011 e é composto por 33 organizações da sociedade civil e órgãos governamentais. A Campanha Nacional Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida foi lançada no dia 7 de abril de 2011, no Dia Mundial da Saúde, por mais de 30 organizações sociais com o objetivo de denunciar a falta de fiscalização e os efeitos prejudiciais dos agrotóxicos, defendendo alternativas como a agroecologia.
 Confira a programação:
 08h – Mesa de abertura
 09h - Palestra: Modelo agrícola em disputa: agronegócio e agroecologia
Alan TygelRepresentante da Coordenação Nacional da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida.
10h - Palestra: "Os impactos dos agrotóxicos na saúde e no ambiente"
Prof. Wanderlei Pignati da UFMT e membro do GT Ambiente/Trabalho da ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva.
11h – Debate
12h – Intervalo para almoço
 13h30 – Mesa redonda: Diagnóstico da situação do uso de agrotóxicos no Tocantins
Levantamento do Uso do Agrotóxico no Bico do Papagaio - Selma Yuki Ishii: Coordenadora do programa de manejo de agroecossistemas da APA-TO
 Apresentação dos resultados do Estudo do Programa de Resíduos de Agrotóxicos nos Alimentos (PARA) - Sra. Carla Lima- Veterinária da Vigilância Sanitária Estadual
14h15 – Debate
 15h - Mesa redonda: Ações desenvolvidas pelo Poder Público estadual e sociedade civil sobre os agrotóxicos
Sra. Flávia Medina-Fisioterapeuta do Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalhador e representante do comitê estadual da campanha
Sra. Edna Soares-Gerente do Programa de Vigilância de populações expostas a contaminantes químicos, da Coordenação de Vigilância Ambiental
Selma Yuki Ishii: Coordenadora do programa de manejo de agroecossistemas da APA-TO
Alan Tygel: Representante da Coordenação Nacional da Campanha
16h – Debate
 16h45 - Formação do Comitê Regional da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida
 18h – Encerramento

Mais informações: Comissão Organizadora, Yuki Ishii – APA-TO, (63) 3456-1407 ou 8488-6189

Por Flávia Quirino

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Cine Sem Tela exibe filme “Quilombo” e realiza debate sobre dia da Consciência Negra

Neste domingo, 11, o Cine Clube Cine Sem Tela exibirá o filme brasileiro “Quilombo”, de Cacá Diegues, às 19h30, no Quiosque do Gaúcho, no centro da Praça da Quadra 110 sul.

No final da exibição, será realizado um debate com foco no Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro no Brasil, um dia para lembrar a resistência do negro à escravidão no país e sua inserção na sociedade brasileira. A escolha da data é uma homenagem ao grande líder Zumbi dos Palmares, morto em 20 de novembro de 1695.

O debate contará com a presença do angolano e professor do Curso de Economia da UFT, Francisco Esteves e do professor de História da UFT, Paulo Fernando.

O filme de Cacá Diegues conta em seu elenco com atores como Antonio Pompeu, Tony Tornado, Antonio Pitanga, Zezé Motta, Vera Fischer, Maurício do Valle e Daniel Filho. De acordo com o site Cine Click, Quilombo foi filmado em 1984 e retrata como era a vida no Quilombo de Palmares, quando por volta de 1650, um grupo de escravos se rebela num engenho de Pernambuco e ruma ao Quilombo dos Palmares, onde uma nação de ex-escravos fugidos resiste ao cerco colonial. Entre eles, está Ganga Zumba, príncipe africano e futuro líder de Palmares. Seu herdeiro e afilhado, Zumbi, contestará as idéias conciliatórias de Ganga Zumba, enfrentando o maior exército jamais visto na história colonial brasileira. Quilombo foi inspirado nos livros "Ganga Zumba", de João Felício dos Santos, e "Palmares", de Décio de Freitas.

Próximas exibições
Dia 18, o Cine Sem Tela exibirá a animação com "Up Altas Aventuras" e no domingo seguinte, dia 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, será exibido o documentário brasileiro “Anjos do Sol”, em parceria com a Organização Feminista Casa 8 de Março e com a presença de representantes de grupos feminista do Tocantins. 

-- Rose Dayanne Santana
Articuladora do Cine SemTela

Você já assinou a petição da Loja Marisa?

Ei, você já assinou a petição que exige que a Loja Marisa faça um comercial que valorize as mulheres de todos os tamanhos e cores!? 

A Loja Marisa divulgou um comercial que propaga uma mensagem perigosa às mulheres e principalmente às meni

nas e adolescentes que estão dispostas a tudo para emagrecer e são vulneráveis à bulimia e anorexia. Ele diz que vale a pena se sacrificar, passando meses com "refeições menos alegres" e que "tudo vale a pena para chegar bem ao verão".

Assine e compartilhe!





domingo, 28 de outubro de 2012

Chegamos às 500 assinaturas

Chegamos às 500 assinaturas na petição que exige que a Marisa faça comerciais inclusivos, ou seja, que contemplem a diversidade da mulher brasileira e não simplesmente a exclua! Gostaríamos de agradecer a todxs apoiadorxs que levantaram nossa bandeira e aqueles que embora falando mal e nos criticando, ajudaram-nos a disseminar a nossa ideia, mesmo sem querer. Nosso muito obrigada também a Change.Com ... Há braços coletivos na luta!

http://www.change.org/marisa

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Todos somos Guarani Kaiowá ou podemos ser um dia



“Acordei cedo, trabalhei, encontrei amigos, voltei para a casa e dormi. No dia seguinte, acordei mais cedo ainda, porque me acordaram! Invadiram minha casa, saquearam meu espaço, macularam minha terra e minha cultura. Levaram tudo que eu tinha!
Fiquei somente com os meus e com meu lar, com minha terra. Junto com os meus, ergui a cabeça e começamos! Recomeçamos. Começamos um dia após o outro, apesar de toda perseguição que sofríamos.

Agora, não bastando levar tudo que tínhamos, querem nos expulsar daqui. Querem nossa terra e querem nosso sangue. Sim, o nosso sangue! Pois não temos mais nada além de nossa terra e o sangue de nossas vidas! Um está atrelado ao outro, pois nessa terra bate o nosso coração e é dela que vem a nossa vida.

Foi dela que nascemos e já que vivos não conseguimos ficar aqui, quem sabe mortos possamos. Que ao menos nossos corpos sem vida possam ficar aqui e herdar a terra dos nossos antepassados que um dia foi nossa.

Os meus já não são muitos! Muitos se foram antes de serem expulsos como eu estou sendo agora! Seus corpos estão aqui! Alguns ainda procuramos. Eles se foram por suas próprias mãos, não por vontade sua apenas! Outros se foram por mãos de outros!
Hoje não acordei, afinal, sequer dormi! Não poderíamos dormir! O risco é diário e toda hora. Estamos acordados e em vigília. O que nos resta é o pouco de nós que restou! Não estamos nos entregando! Não somos covardes, afinal, não há covardia maior do que a situação que estamos vivendo. Resistiremos aqui até o fim!”

Essa poderia ser a minha realidade, esse relato poderia seu meu de fato, embora eu tenho escrito ele, o texto não é sobre mim, é sobre a situação dos Guaranis-Kaiowá. É nossa situação! Não poderia dizer que é fictício! Escrevi o relato me imaginando como um deles de fato, imaginando que eu estivesse sendo expulsa da minha casa e perdendo toda a minha cultura e motivação para vida! Imaginei que me restava poucos irmãos, pois muitos se foram! Imaginei que não tinha saída e que não tinha a quem recorrer.

Imagine que a situação dos Guarani-Kaiowá seja a sua situação! Imagine-se no lugar deles! Imagine-se sem ter a quem recorrer! Imagine-se sem saída!

Conforme dados do Conselho Indigenista Missionário  (CIMI) apontam que em oito anos ocorreram 190 tentativas de assassinato, 176 suicídios e 49 atropelamentos.  

“A cada seis dias, um jovem Guarani Caiová se suicida. Desde 1980, cerca de 1500 tiraram a própria vida. A maioria deles enforcou-se num pé de árvore. Entre as várias causas elencadas pelos pesquisadores está o fato de que, neste período da vida, os jovens precisam formar sua família e as perspectivas de futuro são ou trabalhar na cana de açúcar ou virar mendigos. O futuro, portanto, é um não ser aquilo que se é. Algo que, talvez para muitos deles, seja pior do que a morte”, escreveu a jornalista Eliane Brum, em seu artigo semanal publicado na Revista Época, na última segunda-feira, 22, “Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui”.  São 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças vivendo precariamente, rodeadas por pistoleiros, em Mato Grosso Sul, à beira de um rio em Iguatemi.

Na carta divulgada por um grupo de 170 indígenas Guarani-Kaiowá, percebemos que eles já não têm mais a quem recorrer. “A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas?”, diz trecho da carta.

Eles pedem que ao invés de expulsá-lo da terra, que decretem a sua morte coletiva e os enterrem lá. “Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais”.

Eles vivem ameaçados e cercados por fazendeiros, pistoleiros e pelas vastas plantações de cana de açúcar e soja! De acordo com o CIMI informa que desde 1991, “apenas oito terras indígenas foram homologadas para esses indígenas que compõem o segundo maior povo do país, com 43 mil indivíduos que vivem em terras diminutas”.

Hoje sou Guarani-Kaiowá! Você que ainda não é, pode vir a ser um dia! Você pode ter seus direitos violados e não ter a quem recorrer! Já pensou nisso!?

Enquanto você vive, nossos irmãos Guarani-Kaiowá estão morrendo! Isso é sério! Você já viu em algum meio de comunicação de grande circulação alguma matéria que mostra a situação real desses índios? Eu não vi! Quem já viu!? Eles estão morrendo e serão extintos! Isso é também responsabilidade nossa!

Ajude-nos a chamar atenção do país e a impedir o fim dos Guarani-Kaiowá! Assine e compartilhe essa petição!


Vídeo - Outro Olhar - Denúncia de índios Guarani Kaiowá


Artigo de Eliane Brum, “Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui”  

Carta dos Guaranis-Kaiowá e Nota do Cimi

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Para quem nos defende e para quem nos detesta


Vamos comemorar, ganhamos o mundo! Estamos conquistando os espaços e despertando a opinião pública para o debate! Nosso ato repercutiu pelo Brasil todo! Com o apoio de várixs militantes virtuais que apoiam nossa lutam e também com uma mãozinha daquelxs que a condenam! Azar o delxs, continuaremos a luta. Só este blog, teve cerca de 7 mil acessos! Sinal de que estamos incomodando! Chegou ao ponto da Marisa divulgar um comunicado oficial tentando nos mostrar a "graça" do Comercial! Não vi graça nenhuma.
Vieram ataques de todos os lados! Fomos ofendidas, rechaçadas, ao mesmo tempo em que recebemos inúmeras palavras de apoio e força! Queria destacar, que os comentários machistas e opressores que recebemos não diminuíram a nossa luta, tais mensagens nos motivam ainda mais a continuar lutando e combatendo esse tipo de pensamento! Somos da Casa 8 de Março, uma organização feminista que existe no Tocantins há 15 anos, instituição sem fins lucrativos para saber mais sobre nossas atividades acesse o site http://www.casaoitodemarco.org.br! Só para reforçar! Não estamos aqui para brincadeira!

Vou compartilhar o texto que o Robson Fernando de Souza escreveu para o blog Acerto de Contas, em resposta ao post “O ridículo salta aos olhos”, publicado no Acerto de Contas no último 22 de outubro. Segue texto completo do Robson Fernando e link para o texto do Pierre Lucena, dono do blog e do texto opressor.


Marisa: a coerção publicitária não salta aos olhos

Este artigo é uma resposta, com a abordagem do outro lado, ao post “O ridículo salta aos olhos”, publicado no Acerto de Contas no último 22 de outubro. O texto, de forma simplista e refugiada no senso comum, critica a postura do grupo feminista Casa 8 de Março, que protestou na última segunda-feira na frente de uma das filiais das Lojas Marisa no Recife. Usa de um olhar conservador para criticar a ação das feministas, chamando-a de “ato ridículo” e fazendo alusões ao argumento reductio ad absurdum da “ditadura do politicamente correto/pensamento único”. Em relação a essa postura, faço algumas considerações importantes.
Assisti ao vídeo e concluí que ele claramente fez uma apologia ao paradigma da busca pelo dito “corpo perfeito”. Faz apologia à luta pelo corpo magro – e branco, como é praxe na publicidade racista que é hegemônica no Brasil – como se isso fizesse a felicidade da mulher. E consequentemente incita que as moças que tenham mais gorduras corporais do que é tolerado pelo padrão de beleza vigente rejeitem o seu próprio corpo, forçando-lhe mudanças que, se não acontecerem, serão motivo de frustração e infelicidade para elas. E isso, ao contrário do que se desejaria, em quase nada tem a ver com o combate à obesidade e a seus diversos efeitos perniciosos na saúde humana.
A propaganda mostra que dietas rigorosas e outras formas de busca do emagrecimento são necessárias para fazer as mulheres terem “um verão mais feliz”. Condiciona à questão estética um estado de espírito a que, idealmente, toda mulher tem direito. E isso, queira-se ou não, acaba tendo uma consequência negativa para milhões de mulheres que, todos os dias, são coagidas pela sociedade a não gostarem de seus corpos porque têm alguns quilos a mais do que as mulheres magras idealizadas pelos meios de comunicação. Porque se passa ali a mensagem de que praticamente só se aproveita bem o verão sendo magra como uma modelo europeia, independente de autoestima, amizades, amor, lazeres e outros elementos essenciais da vida.
Esse comercial não é o único ou principal anúncio modelador de comportamentos femininos, sendo um entre tantos que coagem as mulheres a não aceitarem ter um corpo “imperfeito”. Mas faz o papel de ajudar nessa modelação, tendo o diferencial de realçar a “importância” de se fazer regime para só assim a mulher amar a si mesma.
E tem o agravante de deixar a interpretável impressão de que apenas mulheres magras são o público-alvo da Coleção Alto Verão Marisa. Passa a mensagem sutil de que ”se você moça quer ser bonita com as roupas que vendemos, vai ter que fazer regime intensivo nos dois meses que restam antes do solstício de verão, senão nossa coleção não lhe servirá e por isso você será menos bonita e feliz do que é”.
O texto diz que a propaganda da Marisa é apenas “um comercial onde uma mulher bonita passa e chama a atenção dos homens”. Mas deve-se prestar atenção: o que é que de fato faz a mulher ser bonita, chamar a atenção dos homens e tematizar a narração? A resposta a essa pergunta vai permitir que a pessoa perceba o que há de ruim no comercial. Além disso, por tudo o que é falado nesta resposta, a propaganda em questão não é só isso.
O anúncio das Lojas Marisa reforça a coerção cultural pela qual as mulheres devem ser magras (e brancas) para serem felizes e apreciadas. E é contra essa coerção, da qual a propaganda em questão é um tipo de cereja do bolo, que a Casa 8 de Março protestou, protesta e protestará sempre que um comercial coagir as mulheres a lutarem contra o próprio corpo por fins alheios a questões de saúde.
Ao contrário do que o senso comum acredita, comerciais têm significações profundas, e estas são muitas vezes coercitivas, modelam impositivamente comportamentos e discriminam quem foge ao padrão de beleza e comportamento divulgado.
Retornando ao texto aqui respondido, outro aspecto dele que critico é ter dito que “reclamar da ditadura da beleza e da magreza é simplesmente ignorar que gosto não se discute, já que cada um tem o seu”. Nessa frase, o autor esquece ou desconhece que a beleza e seus padrões são uma construção sociocultural – como diria Émile Durkheim, é um fato social, um fenômeno humano que, exterior ao indivíduo, exerce um poder coercitivo, seja explícito ou sutil, sobre ele.
Gostos pessoais não vêm simplesmente de dentro da pessoa. Não vêm de um livre arbítrio puro. São, ao invés, frutos de anos ou décadas de socialização e enculturação, nos quais o indivíduo “aprende” que uma cor é mais apreciável que outra, que uma roupa é mais bonita que outra, que um estilo musical é “bom” e o outro é “ruim”, que um gênero “deve” se comportar de tal forma sob pena de estigmatização… E isso se soma à experiência de vida de cada pessoa, a qual permite a individualidade e impede a existência de gostos e convicções políticas unânimes.
Em outras palavras, se a maioria dos homens heterossexuais brasileiros tem preferência por mulheres brancas, é porque as influências culturais recebidas os condicionaram a preferi-las, e a individualidade não impediu isso. As experiências de vida impedem que essa preferência seja unânime, mas não são suficientes para equiparar, por exemplo, o número de homens que gostam mais das brancas, o dos que curtem mais as negras, o dos que apreciam mais as pardas (morenas escuras) e o dos que preferem as que têm traços indígenas ou orientais fortes.
Somando isso ao fato de que a mídia mainstream em geral tem um viés racista de invisibilizar e/ou estigmatizar as negras e os negros e supervalorizar a beleza branca e magra (feminina) ou musculosa (masculina), somos levados a notar que não é coincidência que tantos homens prefiram como padrão de beleza máximo as mulheres brancas, magras e de olhos claros. Tampouco isso é uma questão exclusivamente individual e de livre arbítrio.
Em relação ao argumento ad absurdum da “ditadura do politicamente correto”, ele ignora que os chamados “politicamente corretos” estão lutando justamente contra uma ditadura sutil em que vivemos: aquela onde impera como únicos padrões aceitáveis de ser humano o homem branco, musculoso, materialista, consumista, endinheirado, cristão, onívoro e sem necessidades especiais e a mulher branca, jovem, magra, materialista, consumista, endinheirada, cristã, onívora e sem necessidades especiais.
Nessa ditadura, negros(as), pobres, vegetarianos(as), não cristãos, anticonsumistas, dotados(as) de sobrepeso etc. são os reprimidos pela ditatorial (mas sutil) coerção social, forçados à exclusão e à vergonha de serem o que são. E essa coerção vem das mais diversas formas: publicidade, jornalismo conservador, “humor politicamente incorreto”, novelas, filmes, bullying escolar ou virtual…
E um detalhe curioso do argumento da “ditadura do politicamente correto” é que ele não tolera que as pessoas não gostem de comerciais, piadas(?), programas de TV etc. “politicamente incorretos” e os critiquem, usando de pronto a acusação de que estaríamos querendo implantar uma “ditadura” quando expressamos nossa discordância e descontentamento. Em outras palavras, a acusação de “ditadura” é ela própria uma ação autoritária, ditatorialesca.
E em outra parte do texto, antes do final, afirma-se: “Aliás, não entendi o que isso tem a ver com machismo, como supõe o cartaz da mulher [da Casa 8 de Março], já que isso atinge tanto homens como mulheres”. Tem muito a ver. O comercial da Marisa “ensina” que a mulher deve esculpir um corpo magro para ser valorizada pelos homens, e realça um tradicional valor machista de nossa sociedade – o de que beleza é algo obrigatório para uma mulher ser valorizada e respeitada, ao mesmo tempo em que isso não é tão necessário assim para homens.
A coerção da mídia acerca do padrão de beleza não simplesmente “atinge tanto homens como mulheres”. Atinge muito mais as mulheres do que os homens. Para eles, beleza é um acessório que apenas às vezes é recomendado. Já para elas, torna-se um item obrigatório e exigido, sem o qual elas serão marginalizadas, tratadas como cidadãs de terceira classe – abaixo das mulheres bonitas e dos homens.
O paradigma de sempre valorar a mulher pela feição estética e apenas ocasionalmente fazer o mesmo com o homem é machista. E as Lojas Marisa, assim como quase todos os outros comerciais de moda feminina, exploram isso em seu anúncio, quando colocam a mulher como tendo que “obrigatoriamente” distribuir beleza aos olhos dos homens para ser valorizada, prezada e feliz. Por outro lado, isso quase não se vê nos comerciais de moda masculina. Dificilmente vemos nestes últimos a mensagem sutil de que o homem precisa ser bonito para ser apreciado, respeitado e gostado pelas mulheres. Por isso há razão no cartaz da integrante da Casa 8 de Março.
E falando nesse cartaz, ele não se dirige apenas à infeliz propaganda em questão, mas também a toda a tradição da mídia brasileira de reforçar o costume da supervalorização da beleza feminina branca e magra, em detrimento de qualidades abstratas como o caráter, a inteligência e o talento, como prerrequisito para uma mulher ser respeitada. Nessa tradição, o comercial da Marisa é só um pedaço da ponta do iceberg – o que, porém, não o torna menos passível de protestos, tampouco o desprovê do caráter emblemático que ostentou.
Julgar um comercial como o da Marisa, onde as mulheres são reforçadamente coagidas a rejeitar o próprio corpo e lutar contra ele para terem “um verão mais feliz”, a despeito de suas qualidades interiores, como “tudo bem” e ainda por cima desqualificar de forma tão pejorativa aquelas e aqueles que enxergaram sim significados discriminatórios nesse anúncio é deixar de observar as entrelinhas de cada fenômeno social que determinam a infelicidade de muitos e o privilégio prestigioso de poucos.

Texto "O Ridículo salta aos olhos", de Pierre Lucena, postado no blog Acerto de Contas 
http://acertodecontas.blog.br/atualidades/o-ridiculo-salta-aos-olhos/